SOLUÇÕES PARA ACABAR COM VIOLÊNCIA, O QUE FUNCIONA E O QUE NÃO

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Toda vez que um grave problema aparece o temos uma forte tendência a resolve-lo tentando exterminar as consequências e não as causas. Além dessa tendência inerente ao ser, os poderes da republica que seriam capazes de agir para combater a causa são um alvo fácil para imprensa sensacionalista administrada por pessoas muito capazes mas só interessada em aumentar a divulgação de seu veículo de comunicação não importando-se com a coerência ou por setores da sociedade apoiadas em dogmas ou princípios errados ou desatualizados.

No grave problema da banalização da violência que atravessamos medidas populistas ou combatendo o efeito não vão, nunca, diminuir a sede dos criminosos cada vez mais violentos para divulgar o seu poder.

Entendo que necessitamos de medidas de curto e longo prazo. Agora que banalizamos o problema, ele virou cultural e são necessários anos para reverter esse quadro.

O que NÃO funciona em curto prazo:

– Policiais matar bandidos. Aparentemente estamos resolvendo o problema pela raiz, mas essa medida é como dar um tiro no próprio pé para resolver o problema da unha encravada e continuar a usar um sapato muito apertado no outro pé. Os policiais cometendo esses excessos ficam viciados e começam a praticar justiça sempre com as próprias mãos. O poder transforma as pessoas e nesse caso transformará para o mal onde até uma briga de transito será resolvida a bala;

– Passeatas pró “FIM DA VIOLÊNCIA”, essas passeatas só servem para atrapalhar nosso transito que já está caótico deixando todos ainda mais estressados no que pode ocasionar mais violência;

– Correntes no FACEBOOK Esquece, é provável que nenhum mal-elemento vai compartilhar essa ideia. Quando digo compartilhar é praticar e não dar o famoso “click”;

– Novenas ou qualquer tipo de oração da paz para que sejamos abençoados. Se Deus existe ele deve estar mais ocupado com outros assuntos, senão, não teríamos crianças totalmente inocentes mortas injustamente ou molestadas por facínoras ou guerras por motivos religiosos;

– Limitar o saque em caixas eletrônicos a noite. Essa medida serve para limitar o direito de ir e vir das pessoas de bem, mas não vai impedir que assassinos saiam de casa. Medidas como essas só pune as pessoas do bem combatendo a consequência e nem de perto a causa;

– Impedir garupa numa motocicleta. Essa ideia apareceu de um Deputado Estadual ou Vereador em São Paulo mas é tão idiota que não merece comentários;

– Iluminação das vias públicas. Bandido não é vampiro é não tem medo da luz;

– Câmeras de segurança. Essas são interessante para coibir a violência na identificação dos criminosos, mas desde que tenham uma alta-definição. O que vemos atualmente são videos feitos com câmeras mono-cromáticas que só servem para alimentar os tele-jornais do Datena com imagens nebulosas e sensacionalistas;

O que funciona a curto prazo:

– Tolerância zero. Qualquer delito deve ser punido com multas ou detenção. Desde uma simples transgressão de trânsito, pichadores, pedintes, flanelinhas até quem fura uma simples fila deve e tem que ter uma punição, passando inclusive por empresas que cobram serviços que não foram solicitados como operadoras de celular. Claro que sempre proporcional a sua infração;

– Policiamento nas fronteiras, com ajuda das forças armadas para impedimento da entrada de armas e drogas;

– Poder Judiciário e Executivo coeso para manter criminosos na cadeia. Não adianta a policia prender e ser solto alguns dias depois;

– Fechamento de bairros ou comunidades em busca de mal-elementos que possuem débitos com a justiça, armas, drogas e artigos roubados como as policias pacificadoras de comunidade do Rio de Janeiro;

– Acabar com a separação de torcidas em estádios e coisas do tipo. Entretanto quem criar confusão ser severamente processado e punido. Separar torcidas é um exemplo perfeito de combate a consequência e não a causa.

O que NÃO funciona em longo prazo:

– Ensino Religioso obrigatório. Num país com dimensões continentais como o nosso cada um tem que ter o direito de acreditar ou não no que quiser. Não se pode tentar converter algum ser compulsoriamente. Mesmo por que algumas religiões estimulam o terrorismo e o fato de alguém ser religioso não o faz do bem. E o fato de alguém ter uma religião ou ser teísta não faz dela uma pessoa de bem!

– Leis populistas que combatem consequências e não a fonte dos problemas;

– Leis que tentam acabar com problemas por decreto, exemplo: a policia tem 24 horas para descobrir quem é o seqüestrador em tal caso.

O que funciona em longo prazo:

– Reforma do Judiciário. As leis devem ser revistas e crimes como porte ilegal de arma ou assalto a mão armada deve obrigar ao mal feitor ficar anos recluso sem direito a diminuição de penas. Além disso extinção de benefícios para diminuição de penas, regimes semi-aberto ou indulto libertando criminosos que nunca mais voltam para a reclusão.

– Responsabilidade criminal para maiores de 12 anos.

– Construção de muitas vagas e mais vagas em presídios. Mal elemento deve permanecer preso. Claro que as palhaçadas que vemos hoje como bandido dentro de presidio com celulares devem ser extintas;

– Ensino curricular em todas as séries Educação Moral, Ética e Cívica. Para mudar a cultura o povo precisa ser reeducado. Não basta apenas a base familiar pois essa em muitos casos tristemente não existe. Desde criança deve-se criar a consciência da falta de ética;

– Diminuição das burocracias e incentivos as famílias que desejam adotar crianças carentes que definitivamente não possuam uma família. Com uma base familiar ( com todo respeito as boas creches ) pode proporcionar uma base melhor para que esse sujeito no futuro contribua para uma sociedade melhor;

– Severo controle natalino e distribuição gratuito de anti-concepcionais. Infelizmente a densidade demográfica e inversamente proporcional a renda per-capita. As pessoas geram filhos indesejáveis, ou sem planejamento, sem condições de uma boa criação e esses filhos possuem uma probabilidade maior de ter uma vida marginal;

– Legalização do Aborto pelos mesmos motivos acima. Aqueles que por motivos dogmáticos descordam, lamento, isso já foi provado estatisticamente no livro Freakonomics, de. Steven Levitt e Stephen Dubner que funciona na pratica.

– Incentivos fiscais a empresas que contratem ex-criminosos que cumpriram suas penas. Isso garantiria muito emprego para ex-presidiários e eles não teriam desculpas para voltar ao crime pois receberiam uma nova chance. Hoje é o inverso, empresas não contratam ex-criminosos.

É claro que existem muitas outras maneiras que ajudariam e outras que não ajudam a acabar a violência e mudar esse quadro. Penso que essas são as mais importantes.

19 comentários sobre “SOLUÇÕES PARA ACABAR COM VIOLÊNCIA, O QUE FUNCIONA E O QUE NÃO

  1. Minha ideia é que, a violência que realmente ameaça a sociedade é a violência covarde. A forma genérica de aversão a violência pura e simplesmente, cria uma cortina de fumaça sobre a questão do ato covarde na situação de conflito. A covardia é um método brutal de competição. Se partirmos da premissa de que a vida em sociedade, sempre se dará na forma de torneio competitivo, tudo que se fazemos se resume a estrategia e ação sem maiores erros. Dentro deste contexto de competição, só a introdução do ato covarde, rompe esse ambiente de equilíbrio harmônico dinâmico.Desta forma o agente covarde pode ser isolado como o vilão por excelência e o ato covarde como mau maior.
    No fim, justifico meu ideal com a seguinte pergunta: De que vale a sociedade mais perfeita, se ela não for composta por Homens?

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    • Obrigado pelo comentário, visitei vosso blog e me parece que suas observações filosóficas sobre covardia faz muito sentido!
      Mas como coibi-la? Se em algum artigo você trata como acabar com essa covardia com medidas praticas e possíveis que gera tanta violência me indique.

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      • Agradeço também a resposta e digo que compreendo perfeitamente seu questionamento. Realmente tenho focado no meu blog o aspecto filosófico que é importante para criar o que chamo de uma cultura de não-covardia, mesclando com fatos que demonstram como os homens estão se entregando facilmente a esse contexto de covardia generalizada.
        Porem seu questionamento é pertinente e me motiva a em breve criar uma próxima postagem onde buscarei forcar exatamente em propostas praticas que possam contribuir com a drástica diminuição da conduta criminal covarde. e ficarei grato de contar um sua visita.

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  2. Óla, como havia dito, fiquei de pensar nas propostas praticas que poderiam advir da filosofia da não-covardia, para então postar algo a respeito. O que sucedeu, é que essa proposta se formulou tão breve e simples, que preferi apresenta-la aqui em primeira mão por perceber sua intenção e capacidade de dar a devida atenção que o assunto merece. Então seria:

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    A ideia da criação de uma cultura de não- covardia nasce do insight, de que não existe crime sem covardia.

    Baseado então no fato, de que a covardia é o instrumento máximo, que viabiliza a atividade criminosa de toda ordem, podemos partir para uma proposta radical de reforma do sistema legal, que poderá ser capaz de lançar a sociedade em um novo patamar, na forma de pensar e lidar com a questão resistente e crescente da criminalidade.

    O ato covarde, que vem a ser, a ação de valer-se de superioridade física, armada, numérica ou do uso de ardil, para obter vantagem em situação de conflito físico de qualquer ordem, passa a ser a única ação, denominada crime em nossa sociedade e a único ato passível de pena de prisão.

    Todo tipo de disputa de ordem física e/ou material, que não incorra em covardia e que não consiga solução na esfera da conciliação entre partes, será julgado na esfera da quebra de regras de conduta social, passível de punição com multa, indenização, perda temporária de direitos e/ou confisco de bens.

    Todo o aparato humano material policial ostensivo, será um grupamento treinado e equipado com a função única de: prevenir, reprimir , capturar, prender e guardar os agentes criminosos covardes, nada mais alem disso será atribuição legal do grupamento policial ostensivo. Que dessa forma dará as maiores garantias possíveis de segurança a ação de cidadãos, agentes públicos de toda ordem e demais representantes do povo, em suas atividades de ordenação e desenvolvimento vida comunitária.

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  3. Pelo que eu tenho observado, infelizmente quem se preocupa não é a maioria da população. Aliás, quem sofre mais, por questões financeiras por exemplo está preocupado com o time, com o preço da cerveja ou em puxar o saco para não parar de “pingar” no fim do mês. Não se preocupam nem em melhorar suas condições de trabalho, que muitas vezes são adversas. Desviei o assunto um pouco, mas, é devido ao texto estar relacionado com uma questão que envolve cidadania.

    Cidadania, realmente deve ser ensinada, desde cedo, como mencionado em um dos parágrafos (ética, moral, cívica). Ensinar ao cara, que aquele torcedor do outro time, que ele matará de porrada se não tiver aprendido isto, sangra, provavelmente tem família, sofre, sente dor, e talvez esteja ali para a verdadeira essência do futebol. Que trata-se de um espetáculo. E espetáculos são para diversão. Divaguei demais. Mas é por que futebol, é uma coisa que está me provocando uma certa antipatia. Devido ao excesso de importância que as pessoas estão dando. E pior que eu vou morrer com esta antipatia. Por que sempre vai existir e sempre vai manipular até as mentes mais sábias. Mas, por que o exemplo do futebol? Por que, como é um alienador, assim como tantos outros, impede que as pessoas comecem a se importar com política, com cidadania, com, “como vamos fazer para melhorar isto para nós?” e as coisas vão ficando como estão. Altos índices de criminalidade, gente amedrontada e presa dentro de casa, quem pode, vai embora, e por ai vai.

    Bem, imagino que seja uma pessoa que deteste bajulação. Que prefira um bom debate do que alguém que concorde com tudo que fala. Para finalizar, deixo meu manifesto a respeito do que achei meio preconceituoso no texto.
    Pedinte, não é bandido. Pode ser que tenha dado outra abordagem. Mas, pareceu que intitulou como infrator. Pedir não é uma infração. Pode ser desagradável às vezes ser abordado por pedintes. Mas, creio que não seja uma transgressão que seja passível de multa por exemplo.

    Controle natalino por aborto, pra mim é assassinato. A não ser que a ciência prove o contrário é nisto que eu acredito. Pra mim é tirar vidas. (Conflito científico, dogmático, religioso)
    As vezes é foda, no caso do estupro por exemplo, mas, é uma questão muito complexa pra mim ainda. Aliás, procuro evoluir dia a dia. Inclusive mudando meus conceitos. Sem perder a personalidade. Acho que quanto a aborto não mudarei meus conceitos. Tô pensando até em parar de comer carne que tanto gosto só por que envolve sofrimento de outro ser! (isto é outra história)

    Bem, é isto! Bacana enumerar propostas. Se todos se preocupassem, poderiam utilizarem dos canais para propostas de projetos para mostrar pros governos como governar. (pelo menos no site da ALMG tem)
    Porém, quando se fala de transparência pública, quem é servidor vai logo olhar o salário do colega! E a massa de manipulação que inclusive, povoa os órgãos do governo e faz qualquer coisa por causa de posição, chorinho no salário e qualquer regaliazinha gue seja torce o nariz. Me ajuda ai vai!
    Pros interessados, procurem entender a lei 12527 de 2011. governo aberto, dados abertos e controle social.

    Valeu!

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  4. Edson, obrigado pelos comentários. Estou de acordo com quase tudo que você coloca!
    Minha opinião sobre pedintes, concordo com você que acaba sendo preconceituoso, mas aqui em São Paulo é normal estarmos parado num semáforo e alguém jogar aguá no para brisa do seu carro sem sua autorização, então passar um rodo sujo e pedir dinheiro. Isso é pedinte não é? Existe uma invasão do seu espaço com aquela coação, portanto um pequeno delito. Se pagamos tantos impostos, então o governo deveria ser responsável em acolher esse povo e reeduca-los para voltar para sociedade. Outros pedintes, tem oportunidades, mas preferem viver nas ruas. Penso que se alguém quer morar na rua é problema dela, mas que não venha pedir nada para os outros.
    Sobre o aborto, concordo que é uma medida muito radical e que fere vários assuntos éticos religiosos, científicos etc, mas esse livro que eu menciono, prova estatisticamente que essa medida previne violência urbana.
    Não quero convence-lo a ser a favor do aborto, confesso que não sei se sou. Mas sou e talvez você seja a favor de extração de órgãos para doação em pacientes com morte cerebral. Isso então também não seria assassinato? Um feto de algumas semanas, assim como um morto cerebral não tem consciência. Por que o morto cerebral é pior que um feto se ambos não possuem consciência? Eu não sei responder isso, mas todos aceitam como verdadeiro.

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  5. Nossa sou uma criança de 11 anos, ai a professora pediu pra nós fazer-mos um texto falando sobre a violência. E eu estou muito triste pela nossa cidade de Goiânia, estou envergonhada. Mas gostei muito dessa dica

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    • Olá Ludmila, obrigado pelo comentário! Essas ideias são as minhas opiniões sobre o assunto. É difícil provar se estão corretas ou não. De qualquer maneira se gostou, por favor, compartilhe. Obrigado e visite sempre nosso Blog.

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